Milhares
de manifestantes pedem demissão do Governo
Manifestação
convocada pela CGTP e manifestação cultural decorrem simultaneamente em Lisboa
com milhares de pessoas em protesto contra a austeridade.
Milhares de manifestantes da CGTP-IN estão concentrados na
Praça da Figueira, em Lisboa, a exigir a demissão do Governo e o direito ao
emprego, numa manifestação que terminará em frente ao Parlamento.
Os manifestantes desta marcha contra o desemprego, promovida
pela CGTP-IN, chegaram à Praça da Figueira com mais de uma hora de atraso em
dois grupos distintos: um vindo do Cais do Sodré, através da Rua da Prata, com
cidadãos vindos da zona Sul; e um segundo vindo de Norte, da Alameda Afonso
Henriques, através da Avenida Almirante Reis e do Martim Moniz.
A coluna Norte foi a primeira a aproximar-se da Praça da
Figueira, com milhares de manifestantes a cantarem "está na hora, está na
hora de o Governo ir embora". Em simultâneo, na coluna do Sul, na Rua da
Prata, os manifestantes gritavam "o povo unido jamais será vencido",
ou "quem trabalha não desarma", ou, ainda, "trabalho sim desemprego
não".
Na Praça da Figueira, local da concentração, que depois de
dirigirá pela Calçada do Combro até à Assembleia da República - onde o
secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, discursará -, estiveram desde as
15h30 centenas de cidadãos a aguardar as duas colunas do protesto.
"D. Policarpo fala
de barriga cheia"
Alguns cidadãos trouxeram cartazes com acusações ao
"Governo ladrão [que] rouba o povo e a não", mas também ao próprio
cardeal patriarca, que advertiu para eventuais consequências negativas dos
protestos de rua.
"D. Policarpo fala de barriga cheia", referia-se
num cartaz transportado por um cidadão idoso.
Um grupo de "amigos do cânhamo" aproveitou o
protesto da CGTP-IN para promover o seu encontro nacional, no próximo dia 27,
no qual se pretende defender as "qualidades medicinais do cannabis".
A marcha da CGTP-IN contra o desemprego começou no passado
dia 5 com uma parte dos participantes a partirem de Braga, passando depois por
concelhos como Matosinhos, Porto, Gaia, Feira, Aveiro, Coimbra, Figueira da
Foz, Leiria, Marinha Grande, Tomar, Entroncamento e Vila Franca de Xira.
Em simultâneo, outros manifestantes partiram de Vila Real de
Santos António, percorrendo o Algarve (desde Tavira a Lagos), Castro Verde,
Aljustrel, Moura, Serpa, Beja, Vidigueira, Montemor-o-Novo, Alcácer do Sal,
Grândola, Setúbal, Moita, Barreiro, Seixal e Almada.
Para as próximas semanas, a CGTP-IN convocou já uma greve
geral para 14 de Novembro e agendou uma ação de rua para dia 31 de Outubro,
coincidindo com a votação na generalidade da proposta do Governo de Orçamento do
Estado para 2013.
Manifestação cultural
com concerto na Praça de Espanha
Várias centenas de pessoas estavam já concentradas na Praça
de Espanha, em Lisboa, meia hora antes do início da manifestação cultural, que
se associa ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas
vidas!".
No local, onde a 15 de Setembro decorreu a que terá sido uma
das maiores manifestações dos últimos anos, está montada uma estrutura que
inclui um palco, um sistema de som e barracas de comes e bebes.
Entre as pessoas que aguardavam o início da manifestação
estava Luís Santos, técnico de som do Centro Cultural de Belém, que disse à
agência Lusa que no meio da Cultura "só se sente é crise, menos dinheiro,
menos 'cachets' e menos espetáculos".
"Vim solidarizar-me como todos os músicos e técnicos
porque a nível artístico está toda a gente apertada. A política deste Governo
só se pode agravar... Mexe na Educação, mexe na Cultura, fica tudo pior e não
sei o que se pretende para as próximas gerações", lamentou. Luís Santos
destacou que a manifestação de hoje, que se pretende que dure até à meia-noite,
tem "uma proporção diferente" da manifestação de há um mês. Porém, o
técnico manifestou-se confiante que ainda chegará mais gente ao local
"para mostrar a Passos Coelho que ele não tem de se preocupar só com a
geração rasca ou com os indignados".
"Estamos todos no mesmo barco", admitiu Luís
Santos, salientando ainda que a organização técnica e artística do espetáculo
de hoje é feita de forma solidária, sem que ninguém receba dinheiro pelo seu
trabalho.
O palco está montado junto ao início da avenida de Berna e as
pessoas estão concentradas quer ali, quer no espaço relvado onde está colocado
o monumento ao 25/Abril. O trânsito está cortado parcialmente, havendo circulação
para o lado poente, em direção a Alcântara/Ponte 25 de Abril.
Junto à residência do embaixador de Espanha foram canceladas
grades. Por acreditar que o "humor é uma arma terrível", José Duarte
trouxe um cartaz onde avisa: "Passos, o teu Governo vai caber num carro
funerário e Portas, o teu partido vai caber num riquexó".
No cartaz José Duarte usou a sua experiência de cartoonista,
que antes do 25 de Abril levou a "PIDE lá a casa" e disse à agência
Lusa que por estes dias voltou às manifestações depois de muitos anos "só
a observar".
"Desta vez é demasiado. Primeiro tiraram-me o subsídio
de férias e depois tenho sofrido um conjunto de atitudes "que são
demais", indicou, referindo que o protesto de hoje será especialmente
interessante por juntar à indignação a música, que vai testemunhar com a mulher
Marília.
À medida que se aproxima a hora do início da concentração vai
chegando mais gente e são visíveis aixas com as recorrentes mensagens contra a
troika e contra o Governo. Com inicio marcado para as 17h, a manifestação em
Lisboa, que contará, por exemplo, com Dead Combo, Camané, Diabo na Cruz,
Deolinda, Vitorino e Coro Acordai, mas o protesto decorrerá em mais de 20
cidades, como Porto, Coimbra, Faro, Braga, Santarém, Évora e Caldas da Rainha.
Fonte: http://expresso.sapo.pt/milhares-de-manifestantes-pedem-demissao-do-governo=f759917
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