O
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) acusou hoje o hospital de Évora de
discriminar os profissionais da classe que trabalham no serviço de urgência
geral na atribuição do prémio de compensação pelo combate à pandemia da
covid-19.
Os
enfermeiros da urgência geral “sentem-se discriminados e não valorizados”, pelo
que “decidiram fazer um pedido de transferência coletiva” para outros serviços,
disse à agência Lusa Celso Silva, da Direção Regional do Alentejo do SEP.
Segundo
o sindicalista, tratou-se de uma “tomada de posição conjunta”, porque a equipa
de enfermagem da urgência “está muito descontente” com as decisões da administração
do hospital de Évora em relação ao prémio de compensação.
Contactada
pela Lusa, a presidente do conselho de administração do Hospital do Espírito
Santo de Évora (HESE), Maria Filomena Mendes, garantiu que “não há qualquer
discriminação” na decisão sobre os prémios a atribuir aos profissionais da
unidade hospitalar.
“Ouvidos
os diretores dos serviços e os enfermeiros-chefes”, que são “os responsáveis
pelas diferentes equipas”, o conselho de administração do HESE decidiu
“atribuir a quem comprovadamente obedeceu aos critérios do decreto-lei que
regulamenta a atribuição do prémio”, explicou.
Maria
Filomena Mendes adiantou que receberam o prémio “206 profissionais” de saúde do
HESE, de todas as categorias, por terem trabalhado “durante, pelo menos, 30
dias, de forma continuada, numa área dedicada a doentes com covid-19” da
unidade hospitalar.
“Se
individualmente qualquer profissional do hospital entenda que comprovadamente
preencheu os requisitos e faça prova disso junto do conselho de administração”,
o HESE “irá reavaliar a situação, ouvidos os diretores de serviços e os
enfermeiros-chefes”, disse.
Num
comunicado enviado à Lusa, a Direção Regional do Alentejo do SEP indicou que o
HESE “procedeu ao pagamento” do prémio, o qual “é muito restritivo”, mas frisou
que a unidade hospitalar “limitou ainda mais a sua aplicabilidade”,
nomeadamente em relação aos enfermeiros do serviço de urgência geral.
“Não
é compreensível nem aceitável esta escolha e seleção, que se traduz numa
discriminação dos enfermeiros do serviço de urgência geral. De 50 enfermeiros,
apenas seis receberam” o prémio, criticou o sindicato.
No
comunicado, o SEP do Alentejo acusou o conselho de administração do HESE de ter
feito “uma escolha e seleção” na atribuição do prémio e, assim, “discriminou os
enfermeiros do serviço de urgência geral face a outros de outros serviços de
urgência da região”.
“Além
disso, e ao que julgamos saber, discriminou também estes enfermeiros face a
outras profissões que também exercem no próprio serviço de urgência do hospital”,
sublinhou.
“Não
está em causa a justeza de quem recebeu. O que está em causa é a inadmissível
seleção de profissionais”, referiu o sindicato, considerando “uma falta de
reconhecimento pelas incontáveis horas de dedicação destes enfermeiros, que são
‘utilizados’ até ao limite quando necessários, mas esquecidos no momento de
reconhecer o seu desempenho”.
A
Direção Regional do Alentejo do SEP indicou que já enviou um pedido de
esclarecimento e intervenção urgente ao conselho de administração do hospital.
Segundo
o decreto-lei, têm direito à compensação os profissionais de saúde envolvidos
no combate da pandemia de covid-19, no período em que se verificou a situação
de calamidade pública que fundamentou a declaração do estado de emergência.
Esses
profissionais de saúde têm direito a um prémio de desempenho, pago uma única
vez, correspondente ao valor equivalente a 50% da sua remuneração base mensal.
SYM // MLS
Lusa
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