Foi
esta manhã assinado o auto de consignação da empreitada de consolidação e
restauro dos parâmetros do perímetro abaluartado exterior e cerca islâmica e
medieval interior da Fortaleza de Juromenha.
A
cerimónia de assinatura decorreu na Igreja Matriz de Juromenha, no interior da
fortaleza, e contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de
Alandroal, João Grilo, do Presidente da CCDR do Alentejo, Dr. António Ceia da
Silva, da Diretora Regional de Cultura do Alentejo, Drª. Ana Paula Amendoeira,
assim como dos arquitetos responsáveis pelo projeto, Arq. Pedro Pacheco e José
Aguiar.
Trata-se
de um investimento de 4.663.809,27 euros, com uma comparticipação de cerca de
300 mil euros por parte da autarquia de Alandroal.
A
Rádio Campanário esteve presente nesta cerimónia e falou com o arquiteto Pedro
Pacheco que nos referiu que nestas obras de consolidação e restauro "há
aqui uma estrutura que tem a ver com o interior da cidadela que nós não podemos
tocar, isto será objeto de uma futura campanha arqueológica, onde será
necessário desenterrar todas estas infraestruturas."
Segundo
o arquiteto, "há imensos edifícios com 2000 anos de história, a questão
aqui (em Juromenha) interessante é: dois mil anos de história de defesa,
portanto sempre ligado à defesa e a construções defensivas, isso é que é
interessante, essa sobreposição de múltiplas tipologias, mas todas com o mesmo
objetivo."
No
que diz respeito ao projeto de consolidação e restauro, Pedro Pachero referiu-nos
que "aquilo que se coloca ao nível do projeto é consolidação das
estruturas defensivas do século XVII, do período pós reconquista, que é a
estrutura abaluartada do exterior, ou seja, a Fortaleza moderna."
O
arquiteto explicou-nos o método de como foi construída, sob um rochedo, a
Fortaleza, referindo "imaginando Juromenha como uma grande topografia em
rochedo, se recuarmos a dois mil anos atrás, há uma construção em torre,
provavelmente, que se sobrepõe à geologia, depois, sucessivamente, vão-se
acrescentando novas camadas", acrescentando ainda que "há um Castelo
Medieval que é feito, e que é a estrutura da reconquista", e ainda
"todo o paramento interior islâmico, que era uma estratégia de defesa
diferente, era uma estratégia de caminho de ronda, onde a muralha e as torres
eram usada como caminho de ronda. As torres estavam à distância de um tiro de
flecha, e isso é o período cristão-islâmico, e depois há a artilharia."
O
arquiteto destacou ainda que "há uma coisa importante que é, de geração em
geração vão-se reinventando as estratégias e os métodos de intervenção e, de
facto, atualmente estamos num momento em que há muito trabalho feito e há muito
conhecimento desenvolvido," acrescentando que "já não se pode fazer
determinadas obras em património, portanto, já há uma consciência sobre como
intervir no património, que vai desde os materiais, às tecnologias e aos
usos." Segundo nos revelou o arquiteto "hoje em dia não se faria esta
intervenção, mas, de facto, isto foi importante porque, em muitas intervenções
estas infraestruturas são salvas."
Pedro
Pacheco revelou que, normalmente, "estas estruturas começam a colapsar de
cima para baixo. Quando não há problemas geológicos quando o solo é rijo, como
é o caso, portanto, não havendo capeamentos, coberturas, telhados, etc., há
infiltração, as pedras começam-se a desagregar e começa a haver o
colapso."
Conclui
referindo que, "se não houvesse aqui à 40 ou 50 anos investimento da
Direção Geral de Monumentos da região do Alentejo, nós não tínhamos
Juromenha."
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