A
Associação de Medicina Geral e Familiar apelou aos utentes para recorrerem
sempre primeiro aos cuidados de saúde primários e ao SNS24, seja qual for o
sintoma, sublinhando que essa deve ser a porta de entrada no SNS.
“A
porta de entrada dos doentes no sistema, no Serviço Nacional de Saúde (SNS),
tem de ser os cuidados de saúde primários e não os serviços de urgência hospitalares,
que têm de ser reservados para situações efectivamente urgentes e emergentes”,
defendeu Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e
Familiar (APMGF).
O
responsável reconheceu que os serviços nos cuidados de saúde primários (centros
de saúde) estão assoberbados, mas afirmou que “são eles que têm a função de
atender doentes agudos para poder ser aí tratados, evitando sobrecarregar as
urgências hospitalares”.
“Os
cuidados de saúde primários, apesar de estarem assoberbados, têm obviamente
essa função, e estão disponíveis para isso”, afirmou.
Nuno
Jacinto sublinhou ainda a necessidade de os doentes, além dos cuidados de saúde
primários, recorrerem ao SNS24, que não serve apenas para fazer a triagem de
casos covid-19 ou com suspeita de covid-19.
“Temos
uma linha de saúde, a SNS24, que, com todas as suas dificuldades, funciona e dá
este apoio, tentando da melhor forma possível encaminhar estes doentes”,
acrescentou.
Nuno
Jacinto defende que o recurso indevido às urgências hospitalares “não é de
agora”, mas que “a pandemia veio sublinhar” este problema e a necessidade de
ter resposta ao nível dos cuidados de saúde primários.
“Sempre
estivemos e continuamos a fazer isso [atender urgências de doentes agudos que
podem evitar ir às urgências], claro que graças à nossa sobrecarga. Esta tem de
ser uma realidade para melhor gerirmos este percurso do doente no SNS”, disse.
Sobre
a eventual falta de resposta em horários alargados nos centros de saúde, o
responsável diz que a resposta em atendimento urgente a doentes agudos continua
a ser dada nos cuidados de saúde primários e que “os horários vão variando e
são adaptados consoante as necessidades”.
“A
questão é que há doentes que passam fora deste radar e acabam por ser enviados
directamente à urgência hospitalar, ou porque tiveram demora na resposta do
SNS24 ou porque não conseguiram contactar a sua unidade de saúde, por algum
motivo, e acabam por ir diretamente à urgência hospitalar e isso origina esta
situação que estamos a viver”, afirmou.
Nuno
Jacinto frisa que “não é só em Lisboa e Vale do Tejo que esta situação
acontece: “No Alentejo, onde trabalho, também tem acontecido com enorme
frequência, temos os hospitais lotados e as urgências cheias e urgências sem
capacidade de receber mais doentes”.
“Sempre
existiu ao longo dos anos nos cuidados de saúde primários o atendimento a nível
de situações agudas. Não deixaram de funcionar, mas nós tivemos de nos
desdobrar em dois atendimentos diferentes – circuito para covid-19 ou suspeitos
e circuito não covid-19”, disse o responsável, insistindo: “Mas essas consultas
continuam a funcionar, a dar uma resposta complexa, difícil e que nos exigem um
enorme esforço, mas os doentes com sintomas ligeiros a moderados é aí que devem
recorrer inicialmente para serem avaliados”.

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