A doença está a crescer a um
ritmo de três por cento ao ano em Portugal e o Alentejo não é exceção. A
afirmação é feita pelo diretor do Serviço de Oncologia do Hospital do Espírito
Santo de Évora (HESE). Rui Dinis avança que sendo uma região em que o
envelhecimento é maior relativamente ao resto ao país e estando o envelhecimento
associado ao cancro, aponta como necessidade implementar medidas de prevenção
para tentar reduzir a incidência de cancro e naqueles casos que não é possível
impedir, pelo menos fazer um diagnóstico o mais cedo possível, aumentando a
taxa de sobrevivência. O médico oncologista salienta que o HESE é uma
referência no Alentejo, garantindo que não há lista de espera neste serviço.
“A prevenção e o diagnóstico
precoce são os grandes desafios”, afirma o diretor do Serviço de Oncologia do
HESE. A prevenção é um trabalho de décadas, cujos resultados não se observam
tão rapidamente, mas o diagnóstico precoce é exequível desde já. O responsável
enaltece o facto da Administração Regional de Saúde (ARS) ter implementado
projetos inovadores de rastreio no Alentejo com vista ao diagnóstico precoce,
“pois o que queremos mesmo é que os doentes nos cheguem cada vez menos em fases
avançadas, onde apesar de todas as terapêuticas inovadoras, os resultados não
são tão bons”.
Rui Dinis afirma que mesmo que
não se consiga inverter o aumento da incidência, se possa aumentar a
sobrevivência. “O que temos verificado é que apesar do aumento da incidência, a
sobrevivência é cada vez maior. Por exemplo, no cancro da mama desde há 20
anos, a taxa de cura passou de 50 para 80 por cento”, afiança.
O médico sublinha que o Serviço
de Oncologia do HESE deu um passo enorme em 2015 ao tornar-se oficialmente
serviço regional pela Administração Regional de Saúde do Alentejo,
estabelecendo a sua sede em Évora e vários polos dotados de hospital de dia nos
outros hospitais regionais: Portalegre, Elvas, Beja e Santiago do Cacém. “Isto
é, somos o hospital de referência da região, o único que tem oncologistas no
quadro que se deslocam semanalmente a estas instituições para assegurar todas
as consultas de oncologia e todas as reuniões de consulta multidisciplinar, ou
seja, as consultas de decisão terapêutica onde estão presentes os médicos de
todas as especialidades médicas envolvidas no diagnóstico e no tratamento de
doenças oncológicas e onde cada caso clínico é avaliado cuidadosamente para se
definir a melhor estratégia terapêutica”, explica.
Esta organização regional da
oncologia garante “a qualidade máxima de acordo com os mais elevados padrões
europeus de oncologia, a equidade regional no acesso aos tratamentos e
simultaneamente a proximidade que todos os doentes merecem, independentemente
da sua residência”. Rui Dinis evidencia que, por exemplo, os doentes que vivem
“no norte do distrito de Portalegre ou no sul do de Odemira têm de ter os mesmos
direitos de acesso a saúde de ponta como em Évora, conseguindo-se deste modo
conciliar a qualidade com a proximidade”.
Diretor de Serviço garante que
não há lista de espera
O diretor de serviço garante que
o serviço cumpre os protocolos mais atualizados na área da oncologia, tendo os
doentes acesso a toda a inovação terapêutica, mas “não esqueçamos que a
excelência dos resultados advém do trabalho de equipa com os vários serviços
envolvidos, em particular de Cirurgia Geral, Senologia, Pneumologia, Hematologia,
Urologia, Otorrinolaringologia, Radioterapia e Anatomia Patológica, tendo o
hospital profissionais dedicados preferencialmente a áreas como o cancro da
mama, o cancro digestivo, o melanoma, o cancro urológico ou cancro da cabeça.
Por outro lado, garante que estão
estabelecidos protocolos de referenciação com outras instituições de saúde para
doenças raras (como os sarcomas), afiançando atendimento prioritário nesses
casos para os doentes do Alentejo, mas possibilitando ainda assim o tratamento de
oncologia mais próximo da residência, em qualquer dos cinco hospitais.
Rui Dinis faz questão de se
orgulhar do serviço que lidera “não ter lista de espera”. O oncologista afirma
que “somos dos poucos serviços de oncologia do país que não tem lista de espera
para um doente ser visto pela primeira vez ou com doença ativa”, acrescentando
que a afirmação assenta nas últimas estatísticas disponibilizadas pelo
Ministério da Saúde.
Além do trabalho assistencial, o
serviço tem também “idoneidade e capacidade formativa” reconhecida pela Ordem
dos Médicos, tendo sido e sendo atualmente responsável pela formação de vários
internos da especialidade de oncologia médica, bem como por concursos nacionais
de atribuição do título de especialista de oncologia. O serviço de oncologia possui a estrutura, o
processo assistencial-educacional e os resultados assistenciais e educativos
adequados de forma a cumprir os padrões de excelência requeridos. Colabora
ainda em vários projetos de investigação com a Universidade de Évora e em
ensaios de medicamentos inovadores.
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