Deixo-vos, no meu discurso
de tomada de posse, os grandes desafios do concelho para os próximos quatro
anos.
Exmo. Sr. Presidente da
Assembleia Municipal,
Senhores Vereadores,
Senhores Presidentes de Junta,
Membros desta assembleia,
Minhas senhoras e meus senhores,
No dia 1 de Outubro, fomos chamados para nos
pronunciarmos sobre os destinos do concelho para os próximos 4 anos.
O povo votou e decidiu
atribuir o maior número de votos para a Câmara Municipal e para a Assembleia
Municipal à candidatura do PS que tive a honra de encabeçar.
Estamos honrados e
agradecidos por esta confiança da nossa gente.
E em Democracia a primeira
coisa que todos devemos fazer é respeitar essa vontade.
Os eleitos acrescentam
crediblidade às instituições que representam se, em primeiro lugar, e acima de
tudo, mostrarem respeito pelas decisões dos eleitores.
É também dessa forma que a
confiança dos eleitores nos eleitos sai reforçada.
E embora haja sempre a
tentação de fazer várias e diversas leituras dos resultados eleitorais, há
escolhas que são inequívocas e leituras que são obrigatórias.
Em primeiro lugar, os
eleitores escolheram mudar de rumo.
Escolheram que seria uma
nova força política a liderar os destinos do município e um novo programa a ser
posto em prática nestes 4 anos.
Em segundo lugar, também
escolheram que esta liderança, por não dispor de maioria, deve fazer assentar o
seu trabalho no diálogo, na colaboração e no estabelecimento de pontes com
outras forças que mostrem verdadeira abertura para tal.
Nada que nos custe ou nos
seja estranho.
Ninguém é dono absoluto da
verdade ou detentor de todos as ideias e soluções.
Da colaboração nascem,
seguramente, caminhos e soluções mais sólidos, mais estruturados e, como tal,
melhores para todos.
Não será por nós que tais
caminhos não se percorram.
Usámos na nossa campanha o
lema de que “juntos somos mais fortes”, como forma de apelar para a necessidade
de uma união clara de todos os que querem um Alandroal diferente para melhor.
Esse tempo passou e passou o
tempo dos diferendos dos períodos eleitorais.
Chegou o tempo do trabalho,
o tempo de arregaçar as mangas, o tempo de demonstrar que “Alandroal em
primeiro lugar”, “o Alandroal acima de tudo”, “a defesa do Alandroal” e outras
frases do tipo são mais do que chavões de campanha. São verdadeiros
compromissos de todos os que pedem votos às pessoas neste concelho.
Nos primeiros dias após o
ato eleitoral recebi, das mais diversas formas, inumeras demonstrações de
felicitação, apoio e incentivo.
Muitas delas vieram de
pessoas que não tinham atribuído o seu voto à nossa candidatura e ao PS, mas
que, ultrapassada a fase eleitoral, desejam que seja criado no concelho um
clima de trabalho e de colaboração.
Pessoas que sabem que há um
tempo para as campanhas e um tempo para trabalhar e que esse tempo chegou.
Não ganhámos com maioria.
Mas não tenho a mais pequena dúvida de que há hoje, no concelho, uma clara
maioria que quer que tenhamos as melhores condições para governar em benefício
de todos.
É bom que os dirigentes
locais de outras forças políticas oiçam essas vozes e valorizem essas vontades
na postura e comportamento que vierem a ter daqui para a frente.
Todos sabemos que a verdade
é que o concelho não se pode dar ao luxo de ficar refém de interesses e
calculismos políticos de ocasião.
O Alandroal enfrenta, mais
uma vez, grandes desafios que exigem o empenho e a colaboração de todas as
forças políticas.
Estou confiante que na hora
de tomar as decisões que afectam a vida de todos, o bom-senso, a
responsabilidade e sentido do dever pelo melhor para o concelho, prevalecerão
sobre interesses particulares e sobre a tentação de complicar ou boicotar.
O município está amarrado a
uma situação financeira muito frágil que limita a atuação e ensombra o
horizonte.
O acordo do FAM, em vigor há
quase dois anos, vai agora começar a fazer-se sentir.
São mais de 400 mil euros
por trimestre para amortizar, a partir de Abril de 2018.
Mais de 20% da receita total
mensal do município. É muito.
Do que sei e do que vi,
estes dois anos que praticamente já passaram e em que estivemos a viver o
período de carência do empréstimo serviram para tudo menos para estruturar e
preparar a câmara para o embate do início das amortizações.
E o embate vai ser grande,
não tenho a menor dúvida.
É por isso que este acordo,
com impacto nos próximos 20 anos – e que atravessará 5 executivos sejam eles de
que cor política forem – tem que ser revisto ou renegociado em tudo o que for
possível para benefício do concelho e é claramente uma matéria onde, pela sua
natureza e extensão, a ausência de consensos políticos seria incompreensível
para os nossos munícipes.
Os fundos comunitários
continuarão a ser a grande fonte de investimento estruturante para o concelho
pelo que é fundamental aproveitar o melhor possível o que resta do 2020 – com
projetos verdadeiramente prioritários – e preparar o caminho para o próximo
quadro comunitário de apoio. Também aqui, não pode haver lugar a divergências
que ponham em causa a perda de financiamentos.
Os projetos privados de
investimento no turismo, nas energias limpas, na agricultura e agro-industria,
entre outros – prioritários pela sua importância na criação de emprego e
riqueza – e as medidas e disposições especiais que tiverem que ser criadas para
os atrair ou viabilizar, terão seguramente o apoio inequívoco de qualquer força
política deste concelho. O contrário é impensável e contradiz tudo o que todos
assumiram publicamente e nos seus programas na hora de tentar conquistar o voto
dos eleitores.
A Saúde, a Ação Social, a
Educação, a Cultura e o Desporto... num concelho como o nosso, devem ser
constante preocupação de todos. Também aqui pode haver pequenas diferenças de
abordagem, mas no essencial é imperativo que se gerem consensos.
Por tudo isto. Uma oposição
contrutiva no Alandroal não é opção. É obrigação.
Dizer, em período
pré-eleição, que o que nos move é o Alandroal e o seu desenvolvimento e
sustentabilidade, é uma coisa. É até relativamente fácil para todos.
Demonstrá-lo, após as
eleições, quer o povo decida que devemos governar, quer decida que devemos
fazer oposição, é uma coisa bem diferente.
Os olhos do concelho estão
postos em nós, e no que cada um for capaz de demonstrar.
Uma oposição construtiva
trás benefícios claros para todos os munícipes. Uma oposição destrutiva,
prejudica-os a todos.
Enquanto presidente de
câmara, tudo farei para criar o clima necessário para que a oposição
construtiva seja uma regra e não uma excepção.
Serei o primeiro a elogiar,
publicamente, todas as decisões que resultem de uma oposição construtiva. Mas
serei também o primeiro a fazer chegar a todos os munícipes do concelho notícia
do que se perdeu, se inviabilizou ou não foi feito por posições não
construtivas da oposição.
Mas a contrução do futuro do
concelho não assenta apenas nos titulares dos cargos políticos, nas suas
posições e no que forem capazes de fazer.
Assenta em todos e cada um
de nós e na forma como nos envolvermos no processo e nas decisões.
Assenta em todos os que
perceberem que ajudar tem que ser muito mais do que votar de 4 em 4 anos.
Ajudar tem que corresponder
a disponibilidade, abertura, envolvimento ativo na procura de soluções e
participação na sua implementação.
Os funcionários e
colaboradores da câmara, pelo número, pela presença e por serem agentes de
implementação de políticas locais, pagos com recursos públicos para que esses
políticas sejam postas em prática, são fundamentais neste processo. Precisamos
de construir uma câmara que valorize os seus ativos humanos mas que esteja
virada para servir o munícipe e não apenas a si própria.
Os responsáveis de IPSSs e
outras instituições do concelho que trabalham com os idosos, as crianças e os jovens
ou os que estão em posição mais frágil devem ser donos de uma sensibilidade
particular em relação ao trabalho conjunto com a autarquia como forma de
potenciar todos os resultados das suas ações.
Os empresários e outros
agentes económicos sabem que o concelho precisa dos seus investimentos e das
suas dinâmicas mas precisa também da sua sensibilidade social.
Os jovens, em quem
depositamos grande parte das nossas esperanças, precisam de espaços e momentos
para se envolverem na construção do futuro que desejam e não apenas serem
convidados a ser espectadores de ações pensadas para eles, mas sem eles.
Assumo a responsabilidade
pessoal de envolver e mobilizar todos estes agentes para a causa do
desenvolvimento sutentável, harmonioso e participado do concelho.
Temos uma visão de concelho
moderno, dinâmico, aberto ao exterior, atrativo para todos, colaborativo,
empreendedor, diferente e diferenciado de todos os outros com um valor próprio
e uma identidade inquestionáveis.
Um concelho das pessoas e
para as pessoas onde todos se sintam bem.
Estamos absolutamente
determinados em deixar aos nossos filhos o legado da concretização desta visão.
Temos urgência nesse
desígnio.
Já se perdeu demasiado
tempo.
Nada nem ninguém nos
desviará desse caminho.
Quem nos tentar atrasar, vai
ficar para trás.
Quem nos quiser ajudar,
será, seguramente, bem-vindo.
Juntos seremos mais fortes!
Viva o Alandroal!
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